segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

8 insights sobre redes sociais



Não adianta você lutar contra e dizer que seu filho não sai da internet, das mídias sociais. Vai ficar pior.

Pondero algumas situações:

1- O cérebro desta geração que trabalha com tablet, computador celular desde os 2 anos, como minha sobrinha, é diferente do meu. Esta geração teve outro estímulo e as conexões nervosas se fizeram de outra maneira. Eles possuem outras habilidades do que eu. E o mundo tecnológico vai continuar evoluindo.

2- O ser humano é um ser emocional por natureza. Seu sistema límbico tem capacidade de fabricar emoções como em nenhum outro mamífero. Isso nos permite o envolvimento em tudo aquilo que nos provoca afeto. As mídias sociais provocam muitos afetos e emoções. As empresas possuem equipes treinadas para provocar afetos e te cercar de "amigos"que pensam igual a você, como no Facebook. As postagens de pessoas que se parecem com suas postagens aparecem em sua tela. Eles te enviam  para você compartilhar dos aniversários de amizades. É tudo muito fácil e bonito. As pessoas se entusiasmam  com isso e de vez em quando assistimos muitos "eu te amo" por aqui e acolá. Muitas vezes, não é das pessoas que gostamos, mas daquilo que elas representam.

3- A geração Z ou aquela que veio depois dela, aprendeu a se relacionar com pessoas distantes fisicamente delas. O filósofo Platão já dizia antes de Cristo que o verdadeiro mundo é o mundo das ideias, e não o mundo físico, concreto. Isso explica porque uma pessoa de outra cidade é meu amigo , me provoca afeto, já o meu vizinho de apartamento, nunca fiquei 3 minutos conversando com ele. O SER HUMANO TEM A CAPACIDADE DE ABSTRAIR, criando algo subjetivo a partir do seu mundo real.

4- Com a mídia social os histriônicos tiveram oportunidade de serem super histriônicos por meio das postagens, fotos, e histórias contadas. Os dependentes e/ou evitativos tiveram oportunidade de se mostrarem mais, pois estão protegidos pela tela de seu notebook. Mas observo que isso não os ensinou a possuírem maiores enfrentamentos (observação clínica). Na hora do enfrentamento real, as crenças desadaptativas continuam. No entanto, vejo um benefício já que eles podem treinar conversar pelo aplicativo, diminuindo sua ansiedade.

5- Os adolescentes que antes se camuflavam nas tribos para realizarem sua "passagem", de criança ao adolescente, agora podem também fazer parte das tribos infinitas da globalização. Percebe-se que as tribos agora possuem muitos chavões que considero positivos como: empatia, justiça, igualdade. Então percebemos muitas revoluções que começaram a partir desses escudos. As tribos virtuais talvez possuem  maior força pois sabem arrebanhar seguidores, marcar encontros com uma força muito forte.

6- Está ficando cada vez mais próximo de nós "o mundo inteiro",  pois como muitos viajam, e muitos mostram suas experiências ao vivo por onde passam, postando, e ainda fazem resenhas destes locais, o mundo ficou pequeno, e eu diria sem graça. A maior parte dos locais já estivemos ali, mesmo que pela net, vendo um vídeo. Mas a facilidade de se planejar e de se ir ficou tremendamente melhor.

7- As pessoas da geração baby boomer (pessoas de 50 a 60 anos hoje)  foram educadas e instruídas com a noção de que ficar horas em frente o computador era prejudicial a saúde. Mas hoje, praticamente somos tão dependentes desse instrumento quanto somos da energia elétrica. Fico aqui pensando que pessoas expostas a 10 horas diante de um computador hoje em dia provavelmente já não produzem tanto estresse (cortizol+ adrenalina) quanto as gerações que nascem agora. Isso precisa ainda ser testado. Calculo que a ansiedade de ficar muito tempo em frente à tela buscando informações no Google, trabalhando Excel, também não deve produzir o mesmo estresse ao que as gerações anteriores que tiveram que se adaptar. Aquela velha teoria que isso traz muita informação e a super informação é prejudicial também precisamos testar.

8- Considero que o retorno à vida de 30 anos atrás como impossível. Contudo, eu estimularia os pais a desfrutarem de algo simples com seus filhos além de lhes proporcionar a tecnologia. (Acho que é vício meu da geração baby boomer.) A natureza sempre despertou nas pessoas endorfinas salutares. Eu recomendaria o contato com plantações (plantar um pé de alface dentro de um pet de refrigerante por exemplo), passar horas em jogos de tabuleiro com os filhos, passear em bosques, acampar, pescar, fazer e soltar pipa, programar um tempo para conversar comendo sanduíches em praças e quiosques simples, ensinar as crianças a cozinhar, a lavar os alimentos, acordar cedo e ver o nascer dos pássaros, andar na chuva, subir em árvores, comer fruta e etc, etc.

Muitas descobertas e conclusões ainda acontecerão num mundo onde do início ao final do tempo que levei para escrever este texto, avanços enorme já aconteceram, e nos tornamos obsoletos.

José Borges da Silva Filho


Nenhum comentário

© TERAPIA E VIDA
Maira Gall