quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

NOVA ERA

Aquele céu era quase um mar
na sua profundeza ondulante, subjetivo, intocável,
chamando olhos curiosos e cansados
para ali penetrar.
Era o azul mais puro infinito que já se teve notícia.

As micro gotículas de perfume das flores do campo
estouravam liberando as moléculas de cheiro bom,
com as primeiras brisas frias da manhã, pairando,
muito embora o cheiro das lamparinas de óleo queimado
teimava em disputar os aromas.

As pedras brancas mergulhadas naquele solo raso
aqueciam-se com o sol que gargalhava de nós,
mas temia a noite, infinita e sedutora.

Aquele era um dia ímpar para a história de nossos corações.
No meio de suas mãos trêmulas, ao segurar seu rebento ainda úmido do parto
seu coração de mãe encostava-se Nele, sentia-O, começando a amá-LO.
A pele frágil, o choro da dor do mundo inteiro,
o mais belo conto de amor começava a ser escrito
na simplicidade da moça mãe.

O brilho de emoção de seus olhos
ainda não via o resultado do seu parto
e os gritos de choro do bebê
ainda não eram decifrados pelo mundo.

Era somente mais um parto,
mas continha o gérmen da transformação das almas.
Em toda a pureza de um nascimento do menino sem bens
brotava a esperança dos coordenadores invisíveis,
anjos do mundo

Sendo um menino deus,
precisava de mamar no peito da mãe,
que usava de panos simples
para limpar-lhe os cantos dos lábios arroxeados,
denunciando sua etnia.

E após, ela O colocava no seu colo,
cheirando-lhe a cabeleira frágil
e sentindo o calor de seu corpinho,
abraçando-O profundamente, calmamente.

Tudo estava consumado.

A profecia realizava-se.

E quando a noite vem
para esfriar as pedras brancas
das leves colinas semi desérticas do lugar,
ela cansada recosta-se na cama de palha,
entrega-se ao sono ao lado Dele.
Ainda era seu filho.

Na manhã seguinte, junto com o sol,
a esperança trazida pelos primeiros movimentos
da luz do acordar, querendo nos dizer:

Bem aventurados os misericordiosos …
eu sou o bom pastor …
vinde a mim todos que sofrem, eu vos aliviarei …


Os olhos Dela se abriam preguiçosamente e contemplando
o corpo frágil, esparramado no berço improvisado,


É NATAL.

© TERAPIA E VIDA
Maira Gall