terça-feira, 8 de junho de 2010

Meus olhos e os olhos de Raul Teixeira


amigo,

voce agora chegou de sua viagem,

e seus olhos se enriquecem mirando o mar de Niteroi
o balançar das ondas
que se refletem em sua pupilas,
e talvez o azul destas aguas se contrastem com o mar de seu olhar

e meus olhos se enriquecem mirando o céu azul infinito das Minas Geraes,
que começa intenso e se permite ir clareando com o dia
que chega pelo poente em reflexos dourados com as arvores tortas dos cerrados desta parte do lado de cá,
a cor da palha seca e seu cheiro quando chega o orvalho da noite fria
se reflete em meu olhar castanho

a maresia abraça sua pousada em aromas dos navegantes misteriosos
talvez cruzadores de tantos desafios
que passa pelo porto
antes de colocar em terra firme
a pele que sustenta o corpo do piso dos cascos de seus navios

aqui,
nossa pele carrega as particulas de polen
dos Ipês e Ciganinhas,
as argilas e as cinzas das queimadas,
em ventos de agosto que estao por vir,
e escutamos o pio daquelas aves buscando aconchego no anoitecer

quando voce caminha na areia da praia pode sentir a historia dos seres que morreram
conhas e mariscos
e deram origem
grao a grao
as ondulacoes lambidas pelas ondas
minuto a minuto

em meu caminhar
sinto as folhas secas que protegem o solo
fazendo barulho quando por elas ensaio minhas divagacoes
construindo meus sonhos presentes
ora distantes

talvez um dia,
possamos respirar ares proximos
desfrutando dos sons
das pegadas ao contacto
com qq concha quebrada
com qq pedaço de fruto de sibipiruna seco
© TERAPIA E VIDA
Maira Gall