Cara família
Não é fácil enviar uma filha com 16 anos para morar no exterior,
eu confesso.
Desde aquele agosto de 2009 no aeroporto da cidade em vivemos, vendo-a despedir-se de nós, vendo seu sorriso que se misturava ao medo do desafio do novo e a excitação de viajar para outro país, que eu me perguntava:
- será que a educação que eu e minha esposa proporcionamos a nossa filha, foi suficiente, para que Camila pudesse enfrentar as dificuldades sozinha? Ela está preparada?
Eu a via embarcar subindo naquela escada do avião, sabendo que ela nunca mais voltaria. Eu a perdia para ela mesma . Alías, eu nunca a tive. É como se ela começasse a caminhar por suas próprias pernas. E este sentimento para mim é algo muito doloroso, profundo e alegre.
Nós, os brasileiros, criamos os filhos de maneira muito protegida, pois nosso país ainda há altos índices de criminalidade. Nossa casas tem muros altos. Aqui, a vida é diferente, o salário mínimo é baixo, e quase todos da classe média como nós, possuímos pessoas que limpam nossa casa, cozinham, passam a roupa.Geralmente nossos filhos ajudam mas não são responsáveis por estas tarefas. Eu sabia que nos USA, os filhos ajudam muito mais os pais que aqui. Será que aquela menina que eu embalei em meus braços seria capaz de se adaptar ao estilo americano? Eu ainda a via com dois anos de idade, sonhando em suas brincadeiras, falando com as bonecas, e seus olhos brilhavam como nunca. Camila é uma sonhadora. Seus olhos falam por ela. Eu tinha medo que esta experiência pudesse tolher esta parte dela. Parece-me que seus olhos brilham ainda mais.
Camila faz parte de uma família que crê que o corpo material e esta vida na Terra é passageira. Ensinamos aos filhos que a verdadeira vida é a vida da alma. Esta passagem pelo planeta faz parte de grande experiência, mas não é a vida real. Eu me perguntava se ela iria se acostumar a crença religiosa de sua família americana.
Hoje o mês de maio no Brasil, nesta parte do Cerrado de Minas Gerais, nos apresenta o céu com intensidade de azul lindíssima. A temperatura é amena, é o convite para novos sonhos se apresenta a mim. Penso com gratidão nesta oportunidade que vocês abriram a experiência da Camila. Nossas vidas agora se entrelaçaram, pois sinto e vejo seus filhos desembarcarem no aeroporto daqui para passarem as férias ou qualquer temporada que queiram, e também vocês, que serão sempre bem vindos a este nosso lar. Nós os brasileiros, aprendemos a ser muito hospitaleiros.
Esta é uma carta de gratidão.
Em nossa porta de entrada está dependurada uma fada anjo que diz:” coragem não é o carvalho em seu vê a tempestade que vai e vem, mas o frágil florescer em plena nevasca.” Assim dois lares ajudaram a se construir, a escrever suas próprias experiências, a enriquecer seus filhos com experiências das atitudes realizadas por nós os pais, apoiada pelas decisões dos filhos.
Ainda não é fácil enviar uma filha ao exterior.
Eu fico pensando se vocês não tivessem aberto seu lar para Camila, como teria sido diferente a vida.
Muita coisa seria diferente. Preciso dizer obrigado. Se nosso pensamento, segunda a física quântica é energia, vibro por vocês, para que seus sonhos se realizem, e se eles dependerem de mim, que eu possa estar ao alcance de servir no que for preciso.
Eu olho para a porta de entrada de minha casa e continuo vendo a fada anjo a lançar coragem sobre as almas que por aqui entram. As que também se vão.
Eu olho para nosso céu e vejo um azul infinito. Penso em vocês.
E este período está se findando. Em breve receberei Camila de retorno, que trará vocês em suas lembranças e sentimentos. Trazemos vocês em nossas lembranças.
Hoje fui a academia com o gorro de Texas, presente seu. Estevao tambem foi a aula, e a frase dont mess with Texas faz parte de seu vocabulário .
A vida continua, diferente, mais enriquecida, e eu preciso dizer obrigado, pelos seus gestos de cuidados para com Camila, e daqui a muitos anos, eu ainda me lembrarei do florescer em plena nevasca.
Por favor, recebem meu abraço fraterno, e minha gratidão.
jose
