sábado, 5 de março de 2016

Miraporanga




Oh santa maria,
Não és Pinta nem Nina
Parado aqui em frente aos cacos de meu passado
Os tijolos grandes e as telhas feitas nas coxas, derrubados pelo tempo de quem não te quer, paredes sem rebocos e sem vida no chão dos insetos
Vejo que o passado não existe, mas provoca-nos.
Posso ver nesta mistura, os canudinhos recheados com doces de leite, as chegadas a noitinha naquela venda suja e escura com gosto de biscoito de polvilho, as paredes pintadas de verde escuro iluminadas com lâmpadas de 60W, os velhos antepassados quase muito queridos, agora despejados em seus mortos sepulcros.
Nas lembranças em meio a entulhos de construção
Era uma rua com grama sombreada de folhas secas, pétalas rosas de paineiras e ar fresco da manhã,
Agora, no local da grama há asfalto, e encontrei dois garis varrendo minhas folhas e pétalas rosas, das paineiras bucólicas, coletando meu passado.
Varreram de mim, mas me conservaram no meios do entulho do barracão derrubado, amontoado e confuso.



© TERAPIA E VIDA
Maira Gall