terça-feira, 16 de junho de 2009

O Guru

homenagem ao terapeuta Armando

Ficava apertando os olhos
permitindo que uma só
fresta de luz
atingisse sua pupila
no meio de sibipirunas
do alto
na rampa do templo

Talvez nem notasse seus folíolos
despencarem
embelezando o ar
flutuando e dizendo
anunciando seu fim
pintando as calçadas
grudando no rosto das crianças que correm alegres
e tudo ficava pleno
de folíolos de sibipirunas

As cascas das árvores sábias
o céu azul do outono
E ele a contemplar

Brisa, vem, toca,
seu semblante
O verde das árvores sábias
O marrom de suas cascas

Teimava ainda a ficar
e olhar
para si
e sua passagem ali
estático
consigo


O que se passa pelo seu semblante
horas e horas a sós
desfrutando
quem sabe


Que mundo é esse?
Este é o caminho?
Este é o caminho.

Nos desafios por ele enfrentado
ante as dores dos que ali chegam
Nas dores dele mesmo

Os folíolos que não caem balançam-se com o vento
entendendo o movimento

e seus olhos continuam a parecerem estáticos
Apertam-se ainda mais
ante seu movimento interior
quando uma voz o chama

É o chamado!
convidado a levar o que contempla
para o interior
dos que estão perdidos confusos
mesmo que cheios de folíolos em seus ombros
cegos surdos de dor
que ele transportar
a beleza que é portador

na sua missão de terapeuta
guru
psicólogo
professor
visionário

despede-se das sipipirunas
entra no corredor do templo
segue sua missão
executa aquilo a que foi chamado

na vida de semeador
lançando sementes de sibipirunas
nos corredores
das salas de terapia
nas salas de aula

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Maira Gall